"Ah, bem aveunturados os que aproveitam com prazer os
períodos pós-pânico! Os que gozam da piedade alheia
sem a menor cara de pau. Bem aventurados os que delegam
suas responsabilidades na tribo e se entregam ao deleite
de não fazer absolutamente nada!"
Lavrada a parceria, e extintas as dúvidas médicas
(e místicas), eu e meu amigo Pânico voltamos
para casa como verdadeiros mártires. O primeiro
embate formal havia sido espetacular e a família estava
sedenta por informações - casos assim tem grande
valor notícia nas redes socias do interior. Ah, se tem!Nós dois gozamos então de brisa e água fresca. Por
recomendação médica, nos afastamos da cozinha, do
carro e até mesmo das crianças. Não tínhamos ocupação
nenhuma - nem pré nem pós. Não tínhamos nada. Não
fazíamos nada. Não pensávamos em nada.Porque, na vida real, é assim que a maioria dos enfermos
da mente são tratados. A primeira coisa e deixá-los
descansar. Faz-se então um pouco de suas vontades, um chá,
um lanchinho na cama, um passeio no fim do dia para pegar
um pouco de sol... e acabou, meu amigo!
Levanta que a vida continua!E aí que o ser humano mostra sua verdadeira face do mal.
Na lógica humana (de maridos e mães, principalmente) não
existe a expressão "um pouco melhor". Se levantar da cama,
já era. Não volta mais. Tá ótima. Te suspendem até os
calmantes naturais e, como não poderia ser diferente, o
assunto entra para o hall dos "não pronunciáveis".Não se fala. Não se lembra. Nunca existiu.
"Que dó!" Foi a segunda vez que meu amigo
Pânico falou comigo.
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