Parte 5 - (Des) Construindo regras

Posta para fora da cama, e da preguiça, era hora de assumir
a minha vida nova. "As mudanças", sussurrava meu amigo
Pânico, "têm que acontecer de fato, e de fé"."Ou
você tripudia e me derrruba de novo", pensei... já
arrependida de ter pensado.

Dito e feito. Uma leve tontura me lembrou que respeito
é a regra mestra da convivência pacífica. E como todas
as outras coisas da vida, eu e Pânico também tínhamos coisas
a combinar. Sobre ele, sabia apenas que não acreditava em
nada que era divino, místico ou maravilhoso, e se tornava
violento sempre que lhe dava muita atenção. Daí criei
as 3 regras de ouro da vida saudável com Pânico:

"Não dê ouvidos ao Pânico"
"Não dê atenção ao Místico"
"Dê sempre crédito às coincidências".

Era o começo de uma revolução verdadeiramente revolucionária.
Eu, espiritualista fervorosa, sensitiva, que acreditava em cura
por energia, com livros de Kardec espalhados pela casa, joguei
minha intuição no lixo e forcei-me a acreditar em
coincidências.

Mas, sejamos francos, até coincidências têm limite.
É como colocar a água do São Francisco no Lago Paranoá.
Tem coisas que a gente sabe que sabe mas não sabe
dizer o como nem o porquê. Apenas que não é
coincidência. Primeiro furo no bote.

E mais. Não existe nada saudável com Não estampado na
camiseta. Saudável é livre, saudável é sim. E com
dois furos, não há bote que se sustente.

Depois de 2 semanas de intenso exercício mental, criando
regras, mandamentos e premissas, fui resgatada por
Maria, veja que ironia, minha filha mais nova. Para
fazê-la dormir, depois de horas de sacolejo para lá e pra cá,
eis que resgato o infalível "Acabou chorare". Foi zumzum
e pronto. E como por encanto, caímos as duas num
sono profundo.

Foi também Maria que criou o primeiro passo para
vida feliz, que serve como uma luva para o relacionamento
entre eu e Pânico: Respire. Calma e pausadamente.

Depois disso, Pânico passou a me respeitar também.
Um pouquinho, é verdade. Mas os livros voltaram para a sala.