sábado, 16 de fevereiro de 2008

Parte 15 - Tirando as máscaras

A quem estou tentando enganar?

Tudo bem, tenho um lado engraçado e me esforço para não levar as coisas da vida assim tão à sério. Não tenho dúvidas que rir sempre é a melhor saída...mas, sejamos sinceros, viver com Pânico não é assim tão fácil. Muito menos engraçado.

Alguns terapeutas acreditam que a resposta para o Pânico está na infância, geralmente ligado ao sentimento de abandono. Outros, que é o acúmulo de anos vivendo sob estresse e ansiedade. Meu marido acha que é carência. Minha mãe acha, tenho plena convicção, que é um esforço extraordinário para chamar atenção. Sou a filha do meio. Não sei se meu pai acha alguma coisa disto tudo.

Eu acho, sinceramente, que é uma maldição.

Sou controladora, assumo. Gosto de manter a vida sob controle. Muitas vezes, as pessoas também. Mas isso não é uma escolha. Odeio mudanças, odeio surpresas. Odeio a sensação de impotência. Controlar o mundo é uma maneira muito sincera de sobreviver. Acredite você ou não.

Pra mim, viver com Pânico é viver em alerta, todos os dias, o tempo todo. Até a exaustão.

Isso quer dizer que durante um almoço com os amigos, brincando no parque com as crianças, fazendo compras no supermercado ou simplesmente assistindo televisão posso ter uma crise de ansiedade...que se torna Pânico.

Com o tempo, já aprendi a identificar o início da crise, não paro mais na emergência do hospital. Nessas horas, faço coisas que me acalmam como tomar um banho gelado, ou pôr na nuca um saco de gelo. Se não adiantar, uma ou duas latas de cerveja. São infalíveis.

Ainda não consigo tomar remédios, nem fazer terapia. Falar no assunto ainda é um desafio. Mas disco, todos os dias, o número da terapeuta no celular. E desligo antes da ligação completar.

Ontem tomei 3 long necks. Acabo de esvaziar uma latinha. Minha filha apareceu no quarto. Pedi, com muito jeito que fosse descansar. Tive de insistir. Então, ordenei. E ela me obedeceu, sem antes documentar sua indignação.

"Poxa, mãe, eu também estou cansada". Ela tem 4 anos.

Esta é a minha vida. Esta é a minha estória com meu amigo Pânico.

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